O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poupou críticas à megaoperação policial realizada na semana passada no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, classificando-a como uma “matança” desastrosa do ponto de vista do Estado. Em entrevista a agências internacionais em Belém, Lula destacou que, apesar do alto número de mortes – ao menos 121 – e prisões – 112 –, a ação não pode ser vista como sucesso, pois contrariou a ordem judicial que previa apenas prisões, não execuções. Essa posição reflete uma visão opinativa de que o combate ao crime organizado deve priorizar a legalidade e os direitos humanos, evitando excessos que alimentam ciclos de violência nas comunidades.
Além disso, o presidente anunciou que o governo federal investigará possíveis irregularidades nas mortes ocorridas durante o confronto, inclusive com a participação de legistas da Polícia Federal. Essa medida surge como uma resposta direta às controvérsias da operação, que já havia sido criticada por ministros como Guilherme Boulos, da Secretaria-Geral da Presidência. Boulos argumentou que o verdadeiro cerne do crime organizado não está nas favelas, mas em esquemas de lavagem de dinheiro em centros financeiros como a avenida Faria Lima, em São Paulo, citando a Operação Carbono Oculto como exemplo. Tal perspectiva opinativa sugere que ações policiais isoladas, sem atacar as raízes econômicas do crime, são ineficazes e contraprodutivas.
Por outro lado, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, defendeu a operação como um “sucesso” constitucional, solidarizando-se com as famílias dos quatro policiais mortos e afirmando que eles foram as únicas vítimas reais. Essa divergência entre o Planalto e o governo estadual expõe um debate mais amplo sobre estratégias de segurança pública no Brasil, onde opiniões se dividem entre repressão imediata e abordagens mais investigativas e preventivas. No fim das contas, a investigação federal pode esclarecer se houve abusos, mas também evidencia as tensões políticas em torno do combate à criminalidade.


