Segurança

O assassinato de Allany Fernanda e as falhas do sistema que permitem reincidentes livres

O depoimento de uma amiga de Allany Fernanda, de apenas 13 anos, emerge como peça fundamental para desvendar o brutal assassinato da adolescente, ocorrido em uma kitnet na Quadra 92 do Sol Nascente. A menina foi morta com um tiro na cabeça na madrugada de 3 de novembro, e o suspeito, Carlos Eduardo Pessoa, de 20 anos, teve sua prisão preventiva decretada em audiência de custódia no dia seguinte. Ele próprio acionou a Polícia Militar, alegando uma versão questionável de que um rival teria invadido o local para matá-lo, acertando a vítima por engano. No entanto, laudos iniciais revelam marcas de mordidas no peito e braço do suspeito, sugerindo uma luta corporal, o que contradiz sua narrativa e aponta para uma dinâmica mais complexa e possivelmente violenta entre autor e vítima.

A delegada Mariana Almeida, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam 2), destacou a necessidade de apurar o grau de envolvimento entre Carlos e Allany, questionando se a adolescente foi à kitnet por vontade própria ou sob coação. A mãe da vítima, Ivani Oliveira, relatou que a filha ligou por videochamada afirmando estar na casa de uma amiga, mas fontes policiais indicam que, naquele momento, ela já se encontrava no local com o suspeito e a companheira. Esse caso não apenas expõe a vulnerabilidade de menores em contextos de risco, mas também levanta críticas ao sistema judiciário brasileiro, que permite a reincidência de criminosos como Carlos, com histórico de roubo, tráfico de drogas, receptação e lesão corporal, além de supostos laços com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Em um cenário político onde o combate ao crime organizado é constantemente prometido, incidentes como esse revelam a ineficácia de políticas públicas que falham em proteger os mais frágeis.

A transferência iminente de Carlos para o Complexo Penitenciário da Papuda reforça a urgência de investigações ágeis, mas também evidencia uma opinião recorrente: o Brasil precisa rever suas estratégias de segurança para além de prisões preventivas, investindo em prevenção e inteligência contra facções que se infiltram em comunidades vulneráveis. Enquanto aguardamos os depoimentos e resultados periciais, esse assassinato serve como lembrete opinativo de que a impunidade e a negligência estatal perpetuam ciclos de violência, demandando ações políticas mais assertivas para romper com essa realidade sombria.

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